terça-feira, 1 de maio de 2012

Como foi o censo?


O 1º CENSO realizado pelo IDE neste ano de 2012 nos trouxe muita alegria. Foi um momento onde foi possível estar mais perto da comunidade da Ilha, conhecendo sua realidade e suas necessidades. Acreditamos que essa ação nos dará frutos que contribuirão imensamente na eficácia dos nossos trabalhos e, consequentemente, na qualidade de vida das crianças que por nós são assistidas.

Contamos com a ajuda das igrejas Batista Guaíba e Mont'Serrat, Encontros de Fé e ABA Porto Alegre e a turma do curso ATOS de Gramado que compuseram nos dois dias um forte time de voluntários que deu o seu melhor para cumprir as metas de visitas domiciliares. A chuva, que apareceu nos dois dias de censo, nos impediu de efetuar 100% das visitas que planejávamos fazer, mas assim que forem contabilizadas as informações das pesquisas teremos um retrato significativo da situação das famílias da região.

Segue a fala de um dos voluntário sobre um dia de pesquisa:

"A Ilha carece de educação, saúde, saneamento básico, esperança e etc. Algumas pessoas que visitamos moravam em casas com apenas um cômodo, sendo que o mínimo de moradores por cada casa é de cinco pessoas. Em uma das visitas, a mãe tinha apenas um colchão, como não havia lugar para todos nele, ela jogava as roupas no chão para que todos pudessem dormir. Sendo que, nem se quer imaginamos como conseguem suportar o inverno, visto que as frestas nas paredes são muitas. Além das goteiras, que na casa em que estávamos enquanto chovia nos molhamos praticamente o mesmo que se estivéssemos na rua. Os terrenos são muito sujos e as necessidades fisiológicas são jogadas atrás da casa, pois não há banheiros nas residências. A ilha não possui nenhum posto de saúde, quando necessário, os moradores precisam ir até a Ilha vizinha sem a certeza de que serão atendidas, já que a preferência não são eles e, sim, os moradores locais. E os ônibus não disponibilizam muitas opções de horários, além de serem superlotados.  A educação também é um ponto a ser destacado. Em uma das casas visitadas a criança já estava na 5ª série e ainda não sabia ler! Em contra partida, nós temos, na maioria das vezes, um posto de saúde em cada bairro; várias escolas municipais e estaduais; casas com mais de um cômodo, onde normalmente vivem menos que cinco pessoas; temos geladeira, energia elétrica, água encanada, banheiro, comida e tantas outras coisas que julgamos ser extremamente necessárias. E na busca por mais e mais coisas, fechamos nossos olhos, indiferentes, para o restante da sociedade. Sabemos que não depende unicamente de nós a resolução para todos os problemas, mas somos peça fundamental tanto para alertar, quanto para ajudar."


As dificuldades são muitas, mas nós temos esperança de que a capacidade para mudar essas situações está dentro de cada um de nós. O amor que emana de Deus é a força que nos impulsiona a prosseguir e é somente com o apoio de todos que esse processo é possível. As famílias mais vulneráveis da Ilha das Flores precisam crer que podem transformar sua realidade com fé, dedicação e esforço. Estamos dispostos a estar com eles nessa caminhada, e contamos com a ajuda de todos pra isso, o movimento de transformação deve ser de dentro pra fora e de fora pra dentro, a comunidade deve dar seus passos, cada vez mais firme, assim como entidades, representantes de governo e cidadão de bem devem auxiliar dando suporte para que esta caminhada continue.

Obrigada a todos que participaram desse evento, em breve poderemos colocar quais as necessidades da Ilha e nossas estratégias de trabalho.  

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